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A NOVA DOGMÁTICA

A uma perspectiva historiográfica acientífica, fortemente ideologizada, pautada pelo fabuloso e lendário, que nos foi legada pelo Estado Novo, sucede agora uma nova perspectiva cujos fundamentos são o preconceito de cariz moralista, descontextualizado, de contornos marcados pela intolerância e pelo dogmatismo bipolar, simplista e ignorante. A um passado marcado pela gesta de uma multidão de heróis e santos, obreiros de tarefas ciclópicas, sucede agora a perspectiva de um passado histórico marcado pela acção de hordas de facínoras de que nos devemos amargamente envergonhar e penitenciar. Toda a simbologia que ritualiza e presentifica esse abominável passado é agora objecto de repúdio e de violência vandálica. Começámos pela arte pública, com a destruição de estátuas, mas a continuarmos nesta senda não tarda estamos a assistir à exigência da revisão e reescrita dos manuais escolares, à crítica feroz e destrutiva de todo o legado pictórico, literário, arquitectónico, a tudo aquilo

JUDEUS E CRISTÃOS-NOVOS EM BEJA

  A proposta de alteração da lei que concede a nacionalidade portuguesa aos judeus sefarditas que provem a sua ascendência portuguesa tem provocado acesa polémica e dividiu mesmo a família socialista, de onde partiu a dita alteração, proposta pela deputada Constança Urbano de Sousa. Recorde-se que os ex-presidentes Mário Soares e Jorge Sampaio foram apoiantes de primeira hora da referida lei, como forma de reparação histórica e moral a uma comunidade de portugueses expulsa do território pátrio por motivos religiosos, mais do que étnicos. A presença de judeus sefarditas em território português é anterior à própria fundação da nacionalidade e antecede a invasão muçulmana, ocorrida em 711. Jorge Sampaio é, ele próprio, descendente de judeus sefarditas que regressaram ao país após a sua expulsão, ocorrida nos finais do século XV. A Península Ibérica era nomeada em hebraico por Sefarad, daí se designarem por sefarditas os judeus de proveniência ibérica. Possuiu Beja o seu bairro

O RETORNO

Os avós dos mais idosos ainda se iluminaram com a candeia de azeite. Era assim nas vilas e aldeias cujo viver pouco se alterara ao longo de séculos. Depois veio o petróleo. Iluminação pública não existia, a não ser nas cidades: Lisboa, a capital, conheceu-a no período pombalino, ditada por razões de segurança. Com o surgimento dessa maravilha da ciência e da técnica, a electricidade, vulgarizou-se a iluminação pública, que começou por contemplar as cidades e as vilas. Depois, paulatinamente, foi-se alargando às aldeias mais populosas. Digo electrificação pública, dos espaços públicos, não dos espaços domésticos. Durante muitos anos tremeluziu a lâmpada eléctrica, de fraca luminosidade, alumiando a rua, mas na casa justamente junto ao poste de luz que a iluminava exteriormente continuava a usar-se o candeeiro a petróleo. E o mesmo poderia suceder em todas as casas de uma rua. A baixada e a instalação da energia eléctrica no espaço doméstico comportava um orçamento fora dos limites d

A ENTRADA EM BEJA DO INFANTE D. FRANCISCO, SENHOR DA CASA DO INFANTADO

  Criada em 1654 por D. João IV, a Casa do Infantado , instituição patrimonial dos filhos segundos dos monarcas portugueses, teve por objectivo dotar o infante D. Pedro, futuro D. Pedro II, com rendimentos próprios. Logo aquando da sua instituição obteve prerrogativas idênticas àquelas de que desfrutava a Casa de Bragança, tendo sido dotada com a cidade de Beja, recebendo D. Pedro o título de duque. O ducado tinha sido criado por D. Afonso V, em 1453, a favor de seu irmão o infante D. Fernando. No reinado de D. João III foi Duque de Beja o Infante D. Luís, seu irmão, após cuja morte, e até 1654, esteve vago o título ducal. As rendas e senhorios que lhe foram atribuídos tornaram a Casa do Infantado a maior e principal casa senhorial do reino. Pertenciam-lhe ainda, na Comarca de Beja, as vilas de Serpa e Moura. D. Pedro usufruiu-a enquanto infante e depois como príncipe regente e, quando ascendeu ao trono, enriqueceu-a com novas doações e manteve-a sob a sua tutela pessoal até 170