A NOVA DOGMÁTICA
A uma perspectiva historiográfica acientífica, fortemente ideologizada, pautada pelo fabuloso e lendário, que nos foi legada pelo Estado Novo, sucede agora uma nova perspectiva cujos fundamentos são o preconceito de cariz moralista, descontextualizado, de contornos marcados pela intolerância e pelo dogmatismo bipolar, simplista e ignorante. A um passado marcado pela gesta de uma multidão de heróis e santos, obreiros de tarefas ciclópicas, sucede agora a perspectiva de um passado histórico marcado pela acção de hordas de facínoras de que nos devemos amargamente envergonhar e penitenciar. Toda a simbologia que ritualiza e presentifica esse abominável passado é agora objecto de repúdio e de violência vandálica. Começámos pela arte pública, com a destruição de estátuas, mas a continuarmos nesta senda não tarda estamos a assistir à exigência da revisão e reescrita dos manuais escolares, à crítica feroz e destrutiva de todo o legado pictórico, literário, arquitectónico, a tudo aquilo...